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Carlos Costa: “não temos um tecido produtivo que acompanhe a qualidade dos licenciados”

Apesar de considerar a escola como “a pedra angular do desenvolvimento económico”, Carlos Costa afirmou que isso “não significa que gastar mais em educação gera mais desenvolvimento económico”.

26-10-2022 . Por TecnoHotel Portugal

Carlos Costa: “não temos um tecido produtivo que acompanhe a qualidade dos licenciados”

De visita ao ISAG – European Business School, o antigo Governador do Banco de Portugal sublinhou a importância de existir uma maior eficiência no ecossistema educativo e apontou o dedo à gestão em Portugal.

 

“Em Portugal, temos obrigação não é de nos interrogarmos sobre quanto gastamos. É de interrogarmos sobre o que retiramos daquilo que gastamos”, afirmou, sobre o sistema educativo, o antigo Governador do Banco de Portugal. Para Carlos Costa, é necessária uma “adequação daquilo que se produz em matéria educativa àquilo que são as necessidades do tecido económico” e é importante gerar “eficiência do sistema educativo do ponto de vista do aproveitamento dos recursos”.

 

A análise focada no Ensino Superior português e na ligação deste ao mercado empresarial foi o mote para a intervenção feita pelo 17.º Governador do Banco de Portugal na Aula Inaugural que marcou o início oficial do ano letivo no ISAG – European Business School.

 

Durante o discurso na instituição de Ensino Superior do Porto, Carlos Costa afirmou: “Temos de nos perguntar se este ecossistema está eficientemente organizado ou se, pelo contrário, gera resultados que são de segunda ou terceira ordem”. Para o economista, “não há um ecossistema educativo que funcione com professores insatisfeitos” ou “com alunos que não entendam que a educação em si é um trabalho por parte deles”.

 

Contudo, Carlos Costa reconheceu a qualidade do sistema educativo português, enquanto apontou responsabilidades ao mercado empresarial: “não temos um tecido produtivo que acompanhe a qualidade dos licenciados, dos mestrados ou dos doutorados que a universidade já fornece, porque não consegue ter a especialização funcional que seria necessária para os utilizar plenamente”. Em causa está a “dimensão reduzida das empresas portuguesas” que, para Carlos Costa, traz uma “grande limitação” nas saídas profissionais e na absorção de mão-de-obra. “A fuga de cérebros é o reflexo da fragilidade do tecido produtivo e da qualidade do sistema educativo”, afirmou mesmo o economista.

“Temos de ir ao encontro dos fatores que determinam esta fragmentação empresarial”, afirmou o antigo Governador, que indicou também caminhos de solução: “o primeiro elemento que temos de olhar claramente é o da política económica que, no fundo, conforta a falta de transparência e a opção pela pequenez”. “Defendo claramente uma redução substancial do IRC para as empresas que aceitem modelos de governação com separação entre propriedade e gestão e com transparência de contas”, explicou Carlos Costa.

Na intervenção no ISAG – European Business School, o antigo Governador do Banco de Portugal apontou ainda desafios de futuro para o sistema de ensino. Entre eles, a especialização das instituições, a “adequação da educação às necessidades de cada etapa de desenvolvimento do país”, incluindo ao desenvolvimento tecnológico, e ainda a necessidade de ganhar escala e sustentabilidade através da captação internacional de estudantes.

“Há um elemento decisivo com que estão confrontadas as escolas, que é entender o tecido produtivo, pressionar o poder político no sentido de regenerar o tecido produtivo (…) e, ao mesmo tempo, encontrar escala, em termos de alunos, para continuarem a ser melhores, não obstante estarem atrofiadas pelo mercado local. Passam a ser exportadoras de serviços”, explicou Carlos Costa.

A abertura do ano letivo do ISAG – European Business School contou ainda com Fred Antunes, Coordenador da Pós-Graduação em Web 3.0, Blockchain e Criptoeconomia desta instituição. A partir de Jerusalém, Fred Antunes reforçou a mensagem da importância da “transparência” nos negócios, abordando o funcionamento dos criptoativos. O também CEO da RealFevr destacou ainda o seu percurso profissional como exemplo de inovação e empreendedorismo, estimulando os que estavam presentes a seguirem a via profissional que desejam, olhando para ela sempre como uma oportunidade.

 

Numa Aula Inaugural focada no futuro da economia, do empreendedorismo e da sociedade portuguesa, Fred Antunes reforçou aquela que é também a mensagem desta instituição – “Be the change” -, num incentivo aos estudantes para não se compadecerem apenas com as vias profissionalizantes ditas “normais” e apostarem em seguir as ideias disruptivas que têm, optando “por uma via um pouco mais arriscada, quiçá mais interessante, que é a via da inovação”.

 

 

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