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Como se controla o excesso de turismo? O exemplo da ilha de Boracay

Não há dúvida de que o excesso de turismo está a afetar algumas cidades como por exemplo Amsterdão, Veneza, Barcelona ...

03-09-2019

Como se controla o excesso de turismo? O exemplo da ilha de Boracay

Não há dúvida de que o excesso de turismo está a afetar algumas cidades como por exemplo Amsterdão, Veneza, Barcelona ... Os especialistas estão a  analisar esse fenómeno como um perigo sério.

A Organização Mundial de Turismo rotulou 'excesso de turismo' como o impacto que o turismo causa num destino e que influencia muito a qualidade de vida dos cidadãos que  lá vivem, bem como as próprias experiências que os turistas esperam encontrar. Mas como lidar com esse problema?

 

Para Peter Varga, professor da Ecole Hôteliere de Lausanne, analisou no eHotelier a decisão tomada pelo governo das Filipinas com a ilha de Boracay. O TripAdvisor a classificou como uma das 25 praias mais bonitas do mundo e a sétima na Ásia. A  ilha, com  apenas 10 quilômetros quadrados, recebeu uma avalanche descontrolada de turistas. De fato, em 2017, dois milhões de pessoas visitaram a ilha, o equivalente a 66 turistas por morador.

O turismo foi esmagador. Tanto que, em abril de 2018, o presidente das Filipinas decidiu fechar Borocay por seis meses. Como o próprio presidente Dutarte disse, a ilha se tornou "um poço negro" que precisava de ação imediata.

Uma abertura com novas regras

O governo das Filipinas implementou uma nova estratégia de turismo sustentável para a ilha. A decisão de fechá-lo teve um forte impacto para os locais, pois a grande maioria vive do turismo. Mas o governo foi firme.  A ilha teve que ser limpa, os sistemas de tratamento de esgoto dos hotéis melhorados e uma estratégia de turismo desenvolvida para garantir o futuro da ilha e de seus habitantes.

 

Em outubro de 2018, a ilha reabriu suas portas, mas com uma série de regras e regulamentos.:

1 - Apenas 6.405 turistas podem desembarcar na ilha por dia. Isso gera um total anual abaixo de 250.000 turistas.

2 - Novos regulamentos sobre o comportamento dos turistas: Shite Beach, a mais famosa da ilha, é proibida fumar e consumir  álcool. Além disso, os turistas tem que ter a confirmação de  reserva de um hotel antes de viajar para a ilha.

3 - Novas regras sobre o comportamento dos locais. Por exemplo, a criação de porcos ou galinhas para venda foi proibida.

4 - Somente hotéis que atendem aos requisitos do Departamento de Meio Ambiente e Recursos Naturais e devidamente credenciados pelo Departamento de Turismo podem funcionar na ilha.

5 - Todos os hotéis devem estar conectados a um sistema de tratamento de águas residuais adequado.

6-  É proibido construir s a menos de 30 metros da costa e os que já tinham sido construídos quando a ilha foi reaberta foram demolidos.

7 - O jogo é proibido em toda a ilha.

Todas essas regras, entre outras, foram lançadas quando a ilha foi reaberta em outubro de 2018. Agora, quase um ano depois, o eHotelier  pergunta se as medidas estão funcionando. E até, parece que sim.

Essas regras e limites resultaram na prática de um turismo muito mais sustentável em Boracay. A conformidade com os regulamentos de capacidade máxima de turistas foi satisfatória, embora em abril as companhias aéreas que voam para a ilha tivessem  que ser solicitadas a não esquecer os regulamentos do governo.

Além disso, apenas 353 hotéis podem oferecer acomodações, um número infinitamente menor que o registrado antes do fechamento. Em abril deste ano, o Departamento de Turismo lançou a campanha #MoreFunForever, promovendo uma marca de turismo muito mais sustentável e inclusiva para a ilha.

O único senão, porém, reside na ineficiência do governo em fornecer emprego a todos os moradores que o perderam após a reabertura da ilha. O movimento de protesto We are Boracay, formado por vendedores, taxistas, massagistas, guias turísticos e outros trabalhadores do setor, pede soluções do governo.

Mesmo assim, a decisão política de fechar a ilha deu certo e hoje o futuro de Boracay está mais ou menos garantido. Portanto, não há dúvida de que essa solução poderia ser muito viável para alguns destinos como Veneza, que sofrem com angústia o fenómeno do excesso de turismo.


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