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Relatório da Amnistia Internacional denuncia as grandes tecnológicas do Turismo

A Amnistia Internacional (AI) relatou que as grandes empresas de turismo Airbnb, Booking.com, Expedia e TripAdvisor impulsionam  "as violações dos direitos humanos contra palestinos"

04-02-2019

Relatório da Amnistia Internacional denuncia as grandes tecnológicas do Turismo

A Amnistia Internacional (AI) relatou que as grandes empresas de turismo Airbnb, Booking.com, Expedia e TripAdvisor impulsionam  "as violações dos direitos humanos contra palestinos" por incluirem nas suas listas ofertas de  aluguer e atividades em colonatos judaicos "nos territórios palestinos ocupados."

A AI acredita que "estão a alimentar as violações dos direitos humanos contra o povo palestino, ao anunciar centenas de quartos e atividades em colonatos israelitas no Território Palestino Ocupado", incluindo Jerusalém Oriental, como se pode ler no seu boletim informativo intitulado  “Destino: ocupação”.

Para a ONG, essas empresas multinacionais de promoção e locação de casas de turismo "estão la evar o turismo para assentamentos ilegais de Israel", contribuindo para "sua existência e expansão".

Para a AI  o assentamento de civis  por Israel nos Territórios Palestinos Ocupados (OPT) "viola o direito internacional humanitário e constitui um crime de guerra".

 

Um destino em expansão: Kfar Adumim

Kfar Adumim é um dos assentamentos constantes do relatório da Amnistia Internacional um destino turístico em expansão, localizado a menos de dois quilómetros da aldeia beduína de Khan al Ahmar, cujo a total e  iminente demolição pelas forças israelitas recebeu luz verde pelo Supremo Tribunal de Israel.

"A expansão de Kfar Adumim e outros assentamentos próximos é uma das causas fundamentais das violações dos direitos humanos contra a comunidade beduína local", diiz a Anistia Internacional.

O modelo de negócios da Airbnb, Booking.com, Expedia e TripAdvisor baseia-se na ideia de partilha e confiança mútua "e ainda contribuir para essas violações dos direitos humanos quando fazem negócios nos assentamentos", comentou Seema Joshi, Diretor de Assuntos Temáticos Globais da Anistia Internacional.

Airbnb entrou em ação na Cisjordânia

Em novembro de 2018, após investigações da Al Jazeera e da Human Rights Watch, a Airbnb comprometeu-se a retirar todos os seus anúncios dos assentamentos na Cisjordânia. "No entanto,  não estendeu esse compromisso para Jerusalém Oriental, que também é um território ocupado e onde tem mais de 100 anúncios em assentamentos", confirmou a ONG.

Por essa razão, a Anistia Internacional insta o Airbnb a cumprir seu compromisso e retirar todos os seus anúncios em assentamentos em territórios ocupados. Também pedem ao Booking.com, Expedia e TripAdvisor para remover todos os seus anúncios nos Territórios Palestinos Ocupados.

Na época do relatório, e de acordo com os dados da Anistia Internacional, a Airbnb tinha mais de 300 listagens de propriedades nesses assentamentos. O TripAdvisor anunciou mais de 70 diferentes atrações, visitas, restaurantes, cafés, hotéis e apartamentos para alugar nessas áreas ocupadas. A Booking.com anunciou 45 hotéis e alugueres e a Expedia anunciou nove fornecedores de hospedagem, incluindo quatro grandes hotéis.

Finalmente, deve ser lembrado que a resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, adotada em 2016, considera, como resoluções anteriores, que os assentamentos israelitas em território ocupado violam o direito internacional.

Booking.com e Expedia respondem à Anistia Internacional

Antes da publicação do relatório, a Anistia Internacional escreveu às quatro empresas para lhes dar a oportunidade de responder às suas descobertas. Booking.com e Expedia responderam, mas o Airbnb e o TripAdvisor não o fizeram.

As duas respostas vêm no anexo do relatório. Da Expedia,  agradecem à Amnesty International pelo relatório e escondem-se do fato de que a Expedia "não opera hotéis, alugueres ou produtos de viagens", mas sim que os fornecedores de viagens distribuem os seus produtos através da plataforma.

Ainda assim, dizem que estão a rever a sua política de transparência "não só nos Territórios Ocupados da Palestina, mas também em outros territórios em disputa para garantir que os viajantes têm a informação necessária para tomar as decisões de viagem que melhor atendam às suas necessidades" .

De Booking.com, a resposta foi semelhante. São as acomodações que publicam seus quartos para que os viajantes os possam reservar. "A Booking.com não compra ou revende quartos ou opera como uma agência de viagens ou turismo" informa a Booking.com.

Acrescentam que o Booking.com permite todas as acomodações que são registradas e cumprem a legislação da empresa. Além disso, acrescentam que a Booking.com não oferece serviços nos locais onde as leis, claramente definidas, proíbem. Acham que não fornecem "serviços que apoiem ​​a manutenção e a existência de assentamentos, incluindo o transporte".

Por fim, asseguram que a rotulagem geográfica das propriedades garante "total transparência aos clientes" sobre a localização de um alojamento. "Marcando essas propriedades como 'assentamentos israelitas’,  fornecemos transparência a qualquer um que esteja  a procurar por acomodação nestes territórios",  concluem.


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