Tecnologia
Como descreve Nicolò Rolle, CCO da Lybra Tech (Grupo Zucchetti), em 2025, as integrações continuam a ser um dos principais obstáculos à inovação tecnológica nos hotéis.
11-06-2025 . Por TecnoHotelPortugal
Estamos em 2025. As APIs abertas são a norma. As plataformas nativas em nuvem são amplamente adotadas. A automação já não é o futuro: é o presente.
E, no entanto, no domínio da tecnologia hoteleira, continuamos a enfrentar um desafio fundamental que continua a dificultar a inovação:
O que veio primeiro, a galinha ou o ovo?
No nosso setor, o dilema é o seguinte: deve um hotel esperar que um sistema esteja totalmente integrado antes de escolher uma solução? Ou deve o fornecedor de tecnologia desenvolver a integração sem um compromisso comercial prévio do hotel?
Este não é um debate teórico. É uma situação que encontro frequentemente no meu trabalho diário na Lybra Tech – Grupo Zucchetti, onde oferecemos soluções de gestão de receitas com tecnologia de IA. Repetidamente, parcerias promissoras são atrasadas — ou mesmo bloqueadas — por estrangulamentos de integração.
E, embora esteja a falar da perspetiva de um fornecedor de RMS, este desafio é sistémico em todo o panorama da tecnologia hoteleira. O custo real? Progresso.
Um ciclo familiar e frustrante
Este é o cenário que se repete com muita frequência:
• Um hotel está pronto para investir num RMS avançado.
• O seu PMS atual ainda não suporta a integração.
• O fornecedor de RMS está disposto a desenvolvê-lo.
• O fornecedor de PMS diz que "não é uma prioridade" ou que "irá adicionar ao roteiro".
• O hotel hesita em tornar-se cliente piloto.
• O RMS não pode avançar sem o empenho do hotel.
• Resultado: nenhum progresso.
Este padrão repete-se, embora hoje, graças a tecnologias modernas, APIs abertas e suporte mínimo, estas integrações possam ser realizadas de forma rápida e eficiente. Na Lybra, fazemo-lo rotineiramente com uma grande variedade de parceiros.
O que muitas vezes falta não é capacidade técnica, mas sim disposição. Disposição para colaborar. Disposição para partilhar o acesso. E, acima de tudo, vontade de seguir em frente.
Mudar a mentalidade sobre os "projetos-piloto"
O termo "projecto-piloto" ainda gera algumas dúvidas entre os hoteleiros.
• "Não queremos ser cobaias".
• "Não nos podemos dar ao luxo de ficar parados".
Uma reação compreensível, mas em muitos casos já ultrapassada.
Em 2025, um projeto-piloto não significa incerteza. Significa uma implementação estruturada e de baixo risco, com marcos e medidas de segurança claras. Para os early adopters, representa também uma vantagem competitiva.
Incentivo os hoteleiros a encararem os projetos-piloto não como uma vulnerabilidade, mas como uma oportunidade para liderar a mudança e ajudar a conceber a tecnologia de que realmente necessitam.
A Conversa sobre Integração que Precisamos de Ter
Está na hora de abordar um tema delicado, mas necessário.
Por vezes, os desafios de integração têm menos a ver com a viabilidade técnica e mais com a estratégia de negócio.
Alguns sistemas — como os PMSs, os gestores de canais ou outros — impõem restrições ou elevadas taxas de certificação, atrasando o processo por razões que nem sempre são técnicas. E embora respeite plenamente a complexidade destas plataformas e o trabalho por detrás delas, na perspetiva de um RMS, sentimos muitas vezes que estamos a tentar navegar por portas fechadas, em vez de pontes bem construídas.
Isto não afeta apenas os RMSs. Impacta qualquer solução que dependa da interoperabilidade.
Sejamos claros: a inovação prospera em ecossistemas abertos. E quando a maior parte do trabalho de integração recai sobre um dos lados, a adição de obstáculos ou custos pode minar o espírito de colaboração.
Não temos de culpar os outros. Precisamos de estar alinhados.
O Caminho a Seguir: Responsabilidade Partilhada, Benefício Mútuo
Se queremos desbloquear a próxima onda de transformação digital na hotelaria, precisamos de uma mudança de mentalidade:
• Os hotéis devem sentir-se capacitados para liderar, mesmo quando o caminho não está totalmente mapeado.
• Os fornecedores de tecnologia devem agir proactivamente e investir proactivamente em integrações.
• Todas as partes devem tratar a interoperabilidade como uma base partilhada, e não como uma barreira à entrada.
O objetivo não é apenas ligar sistemas. É construir um ecossistema de tecnologia hoteleira que seja colaborativo, aberto e preparado para o futuro.
Vamos continuar a conversa.
Como profissionais do setor, todos temos um papel a desempenhar para quebrar este ciclo. Assim, gostaria de deixar algumas questões:
• Faz sentido que as integrações continuem fechadas ou monetizadas em 2025?
• Os hotéis devem exigir ecossistemas abertos como padrão?
• E quando se trata de avançar, quem deve dar o primeiro passo: o ovo ou a galinha?
Pode não haver uma única resposta certa. Mas fazer as perguntas certas é o primeiro passo. Vamos parar de enrolar e começar a resolver. Juntos.
Adorava saber sobre as suas experiências. Está a enfrentar desafios semelhantes na sua organização? O que funcionou — ou não — consigo ao abordar as integrações? Vamos transformar esta conversa numa mudança real para o setor.
Nicolò Rolle, - CCO da Lybra Tech
A Lybra Tech é uma empresa líder em tecnologia que oferece um sistema inovador de gestão de receitas (RMS) baseado em machine learning para o setor da hotelaria.