Gestão
Todos conhecem a situação em que estamos imersos em todos os sectores da nossa economia em relação aos Recursos Humanos, especialmente no sector hoteleiro.
27-01-2023 . Por TecnoHotel Portugal
Não podemos ignorar que a pandemia mudou a mentalidade das pessoas, especialmente dos mais novos e daqueles que estão numa faixa etária que lhes permite reforçá-los e ser capazes de considerar uma mudança de profissão.
Na minha opinião, isto não significa nada mais do que a aceleração de uma situação que tinha de ocorrer de qualquer forma e que é dada pelo esquecimento do principal ativo que as empresas hoteleiras têm, que são as pessoas.
Devido a esta situação, que ocorre desde 2021, encontramo-nos com um problema recorrente: a fuga dos nossos melhores talentos.
Esta fuga de informação é por vezes dirigida a outras empresas do mesmo sector, mas o mais preocupante é que muitas outras vezes a fuga é direcionada para outros sectores. E isto porque há um desencanto generalizado dos trabalhadores em relação ao sector por essa negligência sistematizada dos cuidados prestados aos nossos trabalhadores durante anos.
Outros danos colaterais que estamos a sofrer são:
• Escassez de pessoal.
• Taxas de rotatividade muito elevadas.
• Pouca ou nenhuma disponibilidade para realizar turnos nas férias, noites, turnos divididos.
• Baixa qualificação em candidatos interessados em ofertas de emprego.
• Estes problemas trazem-nos consequências tais como:
• Perda de funcionários chave.
• Sobrecarga de trabalho para o nosso pessoal.
• Incorporação de candidatos inadequados.
• Desmotivação, agravamento do ambiente de trabalho.
• Aumento do conflito laboral.
E uma longa etcetera que pode colocar em sérios problemas a exploração dos estabelecimentos; desde uma queda drástica na qualidade e reputação do hotel, até ao encerramento de pontos de venda por falta de pessoal adequado, especialmente se não forem estabelecidas medidas adequadas a tempo de aliviar esta situação.
Neste sentido, o sector hoteleiro é especialmente afetado, porque o valor diferencial de um hotel é a qualidade do serviço que oferece, e como todos sabemos, as pessoas têm um papel de capital nesta questão.
Neste cenário turbulento, os departamentos de Recursos Humanos estão a ganhar um papel central, um papel necessário, por outro lado, uma vez que são responsáveis pela elaboração de estratégias e pelo estabelecimento de políticas para atrair, desenvolver e reter os melhores talentos disponíveis.
Na Vincci Hoteles estamos cientes da situação no setor e é por isso que redirecionamos a nossa estratégia com um objetivo claro: colocar as pessoas no centro.
Para levar a cabo esta estratégia, focamo-nos em três áreas fundamentais.
1. A digitalização de todos os processos de RH
Variamos desde os processos mais administrativos, como gestão por turnos e controlo de atendimento, à seleção de pessoal, formação, comunicação interna, remuneração variável; Sem esquecer, a avaliação do desempenho e a medição do ambiente de trabalho.
Com este processo completo de digitalização, englobado num único ecossistema digital, pretendemos, como principais objetivos:
• A otimização de todos os processos relacionados com pessoas que nos leva a melhorar a "experiência do colaborador".
• Estabelecer uma estratégia mais focada nas características particulares de cada colaborador com base na análise de dados.
• Melhorar a imagem da Vincci Hoteles como empregador dentro do setor.
2. Melhoria dos processos de constituição de novos trabalhadores
Quando nos propusemos a melhorar os nossos processos de seleção, a primeira coisa que quisemos abordar é o que chamo de "seleção por urgência".
Devido à grande escassez de talento disponível, este tipo de seleção é mais frequente na prática do que pensamos. É a seleção que costuma ser feita por responsáveis que, além de não terem recebido a formação para o poderem fazer, não dedicam tempo suficiente, na maior parte do tempo devido à necessidade imperiosa de cobrir turnos para "já", porque não há trabalhadores suficientes.
Este processo resulta em grande parte dos problemas futuros que o hotel terá a médio e longo prazo: trabalhadores não produtivos, despedimentos futuros, mau ambiente de trabalho, etc. Para fazer face a esta "seleção com urgência" não há outra solução que não seja a realização do rastreio e seleção nas suas fases iniciais por profissionais do departamento de Recursos Humanos, adaptando cada processo de seleção às particularidades do hotel e à posição oferecida, bem como a promoção interna derivada de uma correta avaliação do desempenho e do investimento na formação de gestores responsáveis pela decisão final.
3. Remuneração justa e motivadora
Por último, mas não menos importante, abordámos uma reformulação da nossa estratégia de remuneração, focando-se em garantir a todos os trabalhadores uma "remuneração justa" em dois aspetos:
1 Concentre-se na remuneração de condições mais desfavoráveis para os trabalhadores: concentrando-se no pagamento de forma especial os turnos mais complicados para os trabalhadores, tais como turnos por turnos, fins de semana, noites, etc.
2 Redefinição de objetivos de remuneração variável, adaptando-os aos tempos de inflação em que vivemos e às novas necessidades do negócio.
Autor: Marcos Valera é Diretor Corporativo de Recursos Humanos na Vincci Hoteles.